A história desses grandes homens ocorreu há muito tempo atrás, e por muitos, já foi a tempo esquecida com a passagem dos anos. Poucos são os sábios que ainda guardam este conto, e somente àqueles agraciados pelos deuses algum dia ouvirá falar dos 13 guerreiros. Talvez em algum pequeno vilarejo nos cantos remotos de Ansalon, ou por alguma criatura encantada, como elfos e dragões, que possuem a benção da imortalidade e viveram para presenciar os feitos destes homens.
Cerca de 2.500 anos antes do Cataclismo, Ansalon não tinha nada de parecido com o mundo que conhecemos hoje. Enquanto as pessoas de hoje vivem numa certa paz e tranqüilidade, as pessoas daquela época agradeciam aos deuses caso sobrevivessem por mais um dia devido as guerras constantes por território entre diversas raças.
Os lados dessas guerras não eram identificados apenas como “bem” e “mal”, mas sim por “humanos”, “ogres”, “minotauros”, “elfos” e “anões”.
O mundo tinha sido transformado radicalmente com a passagem da pedra de Gargath e muitas raças passaram a existir sem possuírem um território específico, o que provocou uma onda de caos sobre Ansalon.
Foi nesse período que os 13 guerreiros viveram, protegendo pessoas indefesas e vilarejos que eram atacados por hordas inteiras que reivindicavam pedaços de terra.
Naquela época alguns dos guerreiros também foram afetados pela pedra de Gargath, e tinham sido transformados em elfos, anões e até minotauros. Num primeiro momento, cada um ajudava sua respectiva raça até que eles tivessem um território definido sem qualquer ameaça.
O mundo assim foi se adaptando diante da grande transformação que ocorreu e uma nova geografia de reinos e nações foi surgindo.
No entanto, existia também a grande Horda de humanóides, comandada por Ogres e Trolls, que aproveitaram o momento histórico para atacar todos os reinos tentando adquirir o máximo de território possível. Eles aproveitaram que os reinos até então conhecidos, tinham sido praticamente “divididos” pela pedra de Gargath e usufruíram dessa desunião.
Muitas nações foram dizimadas pela Horda que chegaram a conquistar toda a metade leste do continente de Ansalon.
Mas o império expandido da Horda encontrou seu fim quando as fronteiras pareciam estar definidas. Como já dito, a Horda tinha conquistado toda a metade leste de Ansalon, com exceção de um pequeno vilarejo humano que hoje não mais existe, mas estaria situado na região montanhosa de Khur, centro leste de Ansalon.
O pequeno vilarejo agüentou com muito sacrifício o ataque constante da Horda. Seus guerreiros conseguiram segurar a Horda com tanta eficácia, que o grande comandante da Horda, o ogre Lanthofaros preferiu continuar sua expansão para o oeste, fechando um cerco no vilarejo, e deixando sua conquista para mais tarde, quando estiver definido a fronteira de seu reino.
Certamente, o vilarejo estaria enfraquecido e os feridos não agüentariam, pois não havia como buscar medicamentos e suprimentos fora do vilarejo, devido o cerco da Horda.
Realmente o comandante Ogre planejara certo sua conquista, mas não esperava que o pequeno vilarejo conseguiria ajuda externa, até porque Lanthofaros sabia que todos os outros reinos do Oeste estavam enfraquecidos com a briga por território e preocupavam-se apenas em solidificar suas fronteiras.
Lanthofaros estaria totalmente certo em suas conclusões senão fosse por 13 guerreiros até então desconhecidos.
A pequena vila ao se deparar com o cerco e perceber que o seu fim era questão de tempo, não teve outra escolha do que enviar nove mensageiros para o oeste a fim de tentar pedir ajuda. O perigo era grande, pois os mensageiros antes de chegar aos reinos do oeste deveriam passar despercebidos pelos exércitos da Horda.
Infelizmente, três deles encontraram sua morte nas mãos de Ogres e Trolls enquanto os outros, alguns feridos, conseguiram levar o pedido de ajuda para os reinos a oeste. Mesmo assim, dois outros morreram pelos ferimentos quando chegaram ao seu destino.
Mas o sacrifício não teve qualquer reconhecimento no primeiro momento. Por todos os reinos que os mensageiros passaram nenhum se dispôs a oferecer ajuda. Muitos se sensibilizaram, mas se colocaram na posição de inúteis diante da situação, lamentando o fato de não poder fazer nada.
Assim, os quatro mensageiros sobreviventes, tomaram o seu caminho de volta sem ter coragem de levar a triste notícia do fracasso de sua jornada.
Foi nesse retorno árduo que os Deuses sorriram para os mensageiros, de um a um, enquanto eles cruzavam os reinos de volta ao leste, foram encontrando nobres guerreiros que ouviram falar de seu pedido de ajuda e gostariam de se juntarem a esta jornada.
Claro que nem todos sabiam da missão dos mensageiros e foram colocados frente a frente meramente ao acaso, ou por estarem perdidos no meio das montanhas ou por terem sido ajudado pelos mensageiros quando tinha acabado de perder o seu cavalo por um ataque inesperado de um pequeno grupo da Horda.
Mas foi assim, que ao chegar nas fronteiras da Horda, os mensageiros conseguiram recrutar nove guerreiros.
Apesar de estarem felizes com a ajuda desses homens, sabiam que não era o suficiente, e se esses guerreiros continuassem com eles a partir deste ponto, infiltrando-se para dentro das linhas inimigas até o vilarejo, com certeza não teriam mais como voltar atrás.
Os mensageiros conversaram entre eles e perceberam que estariam levando esses nobres homens para a morte certa e pediram para ficar.
Um dos mensageiros disse exatamente assim:
“A morte dentro dessas terras é certa. Não há nada que possam fazer. Por favor, vão embora e deixe-nos com nossa obrigação. Morreremos com dignidade, mas não quero me responsabilizar por mais nove vidas. Se eu tivesse certeza que teríamos chances de vitória arriscaríamos a vida de vocês. Mas vocês são apenas nove.”
Foi ai que um dos nove guerreiros respondeu aos mensageiros:
“Você esta com a vista cansada meu amigo. Não somos nove, somos treze!”
Logo em seguida, os noves guerreiros adentraram as linhas inimigas deixando os quatro mensageiros parados e perplexos.
Os mensageiros olharam ao redor e perceberam que o guerreiro em sua fala tinha incluído todos ali, inclusive eles mesmos. Não acreditaram no que viram e naquele momento perceberam que não tinham recrutado qualquer um, mas sim grandes homens com atitude de reis.
Naquele momento, o sol estava nascendo ao leste e um dos mensageiros percebeu que a sombra dos guerreiros era bem maior do que aparentava ser.
Perdidos em suas reflexões, os mensageiros se apressaram apertando o passo para se juntar aos guerreiros a frente, formando agora, não mais nove, mas sim, treze guerreiros!
Assim é a lenda dos 13 guerreiros, pois o final do conto é irrelevante nesta história.
Mas vale lembrar que o vilarejo foi conquistado pela Horda. Na grande batalha que veio em seguida, os 13 guerreiros lutaram bravamente e deram suas vidas para defender aquela pequena vila.
O comandante Ogre Lanthofaros e sua infantaria participaram pessoalmente dessa batalha, para ter o prazer de concluir com maestria sua obra prima, que era a construção de um grande reino da Horda, e esse foi seu único e principal erro.
O pequeno vilarejo da região de Khur não tinha como segurar as forças da Horda, mas com o comandante de toda a Horda pessoalmente em batalha, os 13 guerreiros saberiam que poderiam desestabilizar por inteiro o reinado de Lanthofaros, apenas o matando.
E foi assim que aconteceu, Lanthofaros foi morto, bem como os principais guerreiros de sua infantaria, incluindo um Troll de quatro braços igualmente temido e braço direito de Lanthofaros.
Infelizmente os treze guerreiros não conseguiram conter a fúria de toda a infantaria e sucumbiram logo em seguida, mas o ato de bravura desses homens conjuntamente com a proeza de eliminar o líder do inimigo, desestabilizou a Horda por inteiro.
Em duas semanas a notícia se espalhou pela horda e centenas de pretendentes a novo líder apareceram dividindo a Horda e enfraquecendo-a. Em pouco tempo a Horda já não era mais um grande reino que ocupava todo o leste de Ansalon, mas apenas um punhado de hordas menores que lutavam entre si e se enfraqueciam cada vez mais.
Ao mesmo tempo, o ato de heroísmo e bravura destes 13 guerreiros também ecoaram nos reinos a Oeste inflamando a alma de outros heróis e exércitos que começaram a se opor contra a Horda e passaram a reconquistar as terras ao leste, de pouco em pouco, enquanto os humanóides se matavam entre eles mesmos.
A Horda foi extinta, sobrando pequenos focos em cantos remotos de Ansalon, enquanto os 13 guerreiros continuaram vivos dentro do coração de cada morador da pequena vila em Khur, tornando-se inclusive, imortais na memória de qualquer habitante de Ansalon naquela época.
FIM