1ª Capitulo - O Inicio
Seja na sombra que permeia a noite, apagando as cores e a vida do mundo. Seja na luz cegante, que se espalha pelos ermos e da vida as plantações. Sempre existirão seres que buscam corromper, dissuadir ou destruir o que a de mais belo no mundo. Mas também existirão aqueles dispostos a se erguer contra tais criaturas. Pessoas que mesmo em desvantagem e com medo enfrentam os perigos, para que outros possam viver em paz.
Em meio as montanhas e escondidos pela neblina, tais pessoas treinavam e se fortaleciam em um grande templo. Juntando conhecimento, armas e técnicas antigas. Porem essa história não começa em um lugar belo e cheio de esperança, mas sim nas ruas escuras e sujas de *****. Uma grande cidade a leste de *****, sobre os domínios do império de *****.
Lyan nunca conheceu seus pais, morava nas ruas e sobrevivia como podia. Ele roubava, fazia pequenos trabalhos e caçava animais quando tinha força para faze-lo. Apesar de sua situação, Lyan sempre mantinha o ânimo. Cuidava de mais meia dúzia de crianças, uma pequena gangue que havia formado e se tornado líder. Em um lugar sem esperança, as crianças se agarravam a força de vontade de Lyan e ele fazia de tudo para protege-las.
Certa vez, em uma de suas empreitadas, duas das crianças do grupo foram pegas pelos guardas. Lyan sem pensar duas vezes, partiu para cima deles. Apesar de conseguir dar tempo para seus amigos fugirem, ele foi pego e espancado até quase morrer. Quando acordou estava em uma cela, preso pelos pulsos por algemas de ferro. Sabendo que logo seria executado ou coisa pior, ele esperou por uma chance de escapar.
Em uma noite, começou a ouvir gritos ecoando pelos corredores de sua cela. Não eram gritos de dor, como o de pessoas apanhando para os guardas, mas sim gritos de terror. Após as vozes cessarem e um silêncio cortante preencher o lugar, Lyan tentou se libertar de suas algemas. Já havia-se preparado, pegando um grampo que escondia em seu cabelo. Soltou-se das algemas e abriu sua cela, que dava para um corredor de pedra escuro.
Se esgueirando nas sombras do lugar, pode ver os corpos dos guardas caídos. Estavam secos e negros, como se algo os tivesse sugado e corrompido. Com medo, Lyan pegou uma das espadas que estava no corpo e continuou seu caminho. Não demorou até que saísse dos tuneis e se deparasse com a parte inferior de uma fortaleza.
Por onde passava, um rastro de morte cobria o chão e as paredes do lugar. Se não fosse pelo silêncio e pelo sangue, aquele seria um lugar belo de se estar. Janelas grandes de vidro, quadros e esculturas belíssimas. Porém agora as esculturas e quadros pareciam observa-lo, como se estivessem vivas e pudessem ataca-lo.
De repente um grito agudo quebrou o silêncio, fazendo os sentidos de Lyan voltarem a tona. Era o grito de uma menina, não muito mais velha que ele. Apesar do medo, ele correu em direção ao som. Gritando em sua mente, dizendo o quão tolo era aquilo que estava fazendo. Ao chegar a uma curva nos corredores, esbarrou em algo e caiu para trás. Era a dona daquela voz, uma menina jovem e bela. Assim como aquele lugar, se não fosse pela situação, ele provavelmente estaria encantado. Porem a única coisa que pensou, após escutar um barulho no corredor a frente, foi agarrar a mão da garota e correr na direção oposta.
Enquanto corriam, Lyan podia sentir como se alguém os seguisse. Aqueles que vivem uma vida perigosa, ou já tiveram um pesadelo muito real conhecem essa sensação. A sensação de que se você parar, se atrever a olhar para trás, morreria no mesmo instante. Os dois correram até chegar em um grande salão, aparentemente sem saída e muito alto para pular pelas janelas. A menina desesperada tentou se esconder em algum lugar entre as cortinas, mas Lyan sabia que não adiantaria, então se voltou para o corredor.
As luzes das tochas o iluminavam de maneira fraca e ainda era possível ver as tapeçarias. Porem de forma sobrenatural, pouco a pouco, as tochas começaram a se apagar. As pernas de Lyan tremiam e seu suor era frio, não conseguia se quer desviar o olhar. Quando a sombra finalmente chegou até o salão, ele pode ver uma figura negra e coberta por olhos brancos e roxos. Era como se a própria escuridão criasse vida e quisesse devorar tudo o que lhe fosse querido.
Por impulso, medo ou desespero. Lyan partiu em direção a criatura, apontando-lhe a espada. Aquela era a primeira vez que segurará tal arma, mal conseguia empunha-la direito. Porem mesmo assim seguiu em frente, tentando apunhalar a criatura. Os olhos apenas olharam em direção ao garoto e a sombra pareceu se mover rapidamente para ataca-lo. Porem seu ataque foi impedido por algo, uma lâmina que brilhava em prata e expulsava a escuridão.
A frente do menino, um homem mascarado e de cabelos negros, iniciou um combate contra aquela criatura. Lyan caiu para trás, soltando sua lâmina e quase entrando em choque. Seus olhos mal podiam acompanhar o que estava acontecendo, o homem se movia como um relâmpago e a criatura se moldava nas sombras do salão.
A luta pareceu demorar horas, apesar de poucos segundos terem-se passado. O homem parou, estava ferido e ofegante, mas ainda segurava sua espada. A sua frente um corpo disforme, retalhado e coberto por olhos. A criatura tinha sido derrotada, ele havia a derrotado. Lyan tentou se aproximar, ainda estava fora de si e não percebeu o erro que estava prestes a cometer.
Quando se aproximou do homem, a criatura pareceu se animar e ir rapidamente para a direção de Lyan. Ele pulou para trás e tentou se defender, mas a sombra simplesmente envolveu seu braço esquerdo. Uma dor lancinante tomou conta dele, como se algo tentasse devora-lo de dentro para fora. O homem que havia-se voltado para ele, pareceu empunhar a lâmina novamente. Nos seus olhos era possível ver um pesar imenso, enquanto se dirigia ao garoto.
Lyan se contorcia de dor, enquanto o homem mascarado se preparava para ataca-lo. Porem algo o fez parar sua lâmina, os olhos e a escuridão pareciam não conseguir consumir o garoto por completo. Ela havia parado na metade de seu rosto e tórax, não conseguindo avançar mais. Ele então guardou sua lâmina e agarrou Lyan. Deu-lhe algo para beber e tomado por um sono entorpecente, o jovem adormeceu.
Ao acordar, Lyan sentiu o leve cheiro de cerejeiras e uma brisa suave. Estava em uma cama confortável, com lençóis leves e brancos o cobrindo. Seu corpo estava pesado, como se tivesse que carregar dois de si mesmo. Não havia ninguém em volta, tudo parecia calmo e sem qualquer sinal de sombra.
2º Capitulo - O Templo
Quando finalmente recobrou sua consciência por completo, tentou se levantar lentamente. Seu braço e olho esquerdo estavam cobertos por faixas, porem o resto de seu corpo estava bem. Se apoiando na parede, ele foi até uma janela próxima. Lá ele pode ver o lugar em que estava, um templo em meio as montanhas. Cerejeiras cobriam os montes, deixando a paisagem viva e colorida. Havia pessoas andando pelo local, vestiam kimonos brancos e limpos. O local em si era antigo, porem muito bem cuidado.
Não demorou muito para notarem que Lyan havia acordado, algumas pessoas o atenderão e explicaram a situação. Ele fora levado ao templo de *****, para poderem cuidar dele. O homem que o salvará era um dos membros do local, um caçador de yokais (Nome dado a qualquer criatura sobrenatural).
Após um bom tempo de descanso e ter comido mais comida do que jamais havia tido no passado, Lyan fora chamado até um dos mestres do local. Lá foi lhe explicado o que acontecera e também o que era aquela criatura. Era um yokai das sombras, um dos mais fortes. Eles consumiam a vida, a fim de saciar sua fome e se tornarem mais fortes.
O mestre também lhe contara que sua situação era anormal, nenhuma criança devia ser capaz de suprimir tal criatura. Porem algo nele era especial, o jovem possuía uma força de vontade excepcional. Obviamente, apenas isso não seria o suficiente para o salvar e por isso fora trazido até o templo.
Um selo fora feito para manter a criatura dormente, apenas o suficiente para que Lyan pudesse suprimi-la. Também deram ao jovem duas escolhas, ficar no templo até que conseguissem o purificar ou treinar e usar o poder da criatura contra outros yokais. Lembrando-se do momento que havia sido salvo e do terror que sentira, Lyan exitou. Porem também recordou-se de seus amigos e daquela menina, eles e outros poderiam passar pelo mesmo terror. Tendo agora a chance de fazer algo, ele não pode se manter alheio e aceitou a proposta para se tornar um caçador.
3º Capitulo - A Partida
Lyan passou sua juventude treinando naquele templo, aprendendo a empunhar armas, usar armaduras e a dominar seus novos poderes. Também fizera amigos, rivais e pequenas paixões. Porem, mais do que isso, se tornará um caçador talentoso. Ainda estava longe de ser tão forte quanto o homem que o salvará, mas sua habilidade e controle sobre seus poderes eram formidáveis.
Quando finalmente terminou seu treinamento, deixou seu novo lar. Agora tendo a força e a coragem para enfrentar o que fosse necessário, para que nunca alguém precisa-se sentir o terror que sentira no passado. Lyan ainda vaga pelas terras de ***** até hoje, como um guerreiro moribundo e de bom coração... O que será que o destino guarda para esse jovem caçador?
Autora da Imagens do personagem: christina! @cronchybaguette (Twitter)