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Rodrigo
12 de abr. de 2024
In Dúvidas de regras - D&D
1°: A característica Atletismo Extraordinário do Arquétipo Campeão diz que vc pode add metade da proficiência em qualquer teste de força, destreza ou constituição. Isso incluí salvaguarda e iniciativa? 2°: A característica Devorar Alma da arma lendária Navalha Negra funcionária em Diabos/Demônios?
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Rodrigo
07 de abr. de 2024
In Contos e Fanfics
{Como a maioria dos membros aqui, sou um grande entusiasta de D&D e seu lore. Não sou um escritor, nem aspiro a ser, mas esse jogo tão querido influencia nossa imaginação como é o propósito de todo bom RPG. Por causa disso, as vezes a gente sente aquela vontade de elaborar mais as fichas (no caso, um Warlock Hexblade) que criamos. Sugestões e críticas serão mais do que bem vindas. OBS: A imagem acima foi "criação" minha mesmo usando I.A.} I: No centro do Pendor das Sombras há um castelo de medidas impossíveis adornado por torres negras de ângulos estranhos e gárgulas cujas expressões parecem mudar, hora assustadoras, hora em agonia. Em seus corredores sem fim, iluminados por tochas de chamas azuladas que queimam, mas não aquecem, o vento sussurra com vozes fantasmagóricas de memórias fortes demais para se findarem junto ao esquecimento. Lá, há muitas e muitas bibliotecas cujos livros de capas negras guardam conhecimentos, sonhos, medos, sentimentos e músicas nunca ouvidas. Também havia uma bela coleção de objetos variados incrustados de recordações valiosas como a mais cara das pedras preciosas. Um museu de pensamentos que se recusam a morrer, esse é o Palácio das Memórias e a Rainha dos Corvos sua soberana. Seus habitantes eram das mais variadas raças. Seres que, em vida, presos a uma melancolia vinda da própria angustia de estarem vivos, encontravam algum conforto na solidão, nas palavras escritas em livros ou canções tristes. Aqueles cuja existência se definia na esperança do descanso da morte. Mas não havia descanso para essas almas atormentadas que não se voltavam a deus ou deusa algum. Estes, após desencarnar, vinham ao Pendor das Sombras e em suas terras obscurecidas, continuavam a questionar a existência. Sempre em busca de respostas, assim como sua própria rainha. Essas ânsias por respostas e memórias fortes demais para caírem no total esquecimento alimentavam a deusa Ela conhece cada palavra de cada livro. Ela se recorda de cada lamento e segredos sussurrados naqueles corredores. Assim como as memórias de todos seus habitantes. A Rainha vaga por galerias sem fim, ela própria sem suas memórias, a não ser por vagas imagens do que havia perdido. Havia ainda raiva, vergonha e desejo por vingança. Todo aquele conhecimento estava a sua disposição e ela ainda não havia encontrado resposta algumas para aqueles buracos em sua mente. Mas sabia essas repostas estava ali! A um pensamento de distância. Mas as ideias teimavam em lhe escapar. Haviam outros moradores naquele reino de sombras; os Shadar-Kai, uma raça originaria do Pendor das Sombras que em tempos antigos pertenceram as primeiras gerações de Elfos. Agora, habitantes daquele reino sombrio, eram sombras do foram outrora. Viviam em cidades de aparência gótica, solitárias e abandonadas. Como peças que a Rainha usava para solucionar sua grande questão. Eram enviados para o plano material de quando em quando para encarnar entre os viventes. Quando morriam, suas almas imortais retornavam para o Pendor e para o escrutínio obsessivo de sua deusa que, um sem número de vezes, se frustrava por não alcançar seu único desejo: A resposta. Talvez tal resposta não estivesse entre seus Shadar-Kai e seu ciclo de vidas e mortes. Nem em sua coleção de memórias perdidas. Ela concluiu, certa vez em um raro acesso de inspiração, que todas aquelas memórias estocadas eram finitas no próprio tempo de vida daqueles que haviam as vivenciado. Repetitivas, fadadas a mesma sina no círculo cósmico de começo e fim. Talvez ela precisasse de algo novo para chegar a resposta que tanto ansiava. As próprias memórias da Rainha, seus pensamentos, as impressões da realidade, tudo estava maculado por traição e pelo que chamavam de pecado. Pecado esse que seus servos compartilhavam. Mas então como ela escaparia desse buraco negro que sugava sua sanidade? Usar outras raças não iria funcionar, pois estas poderiam ser afetadas demais por sua influência e assim a percepção do mundo seria nublada pelo contato com a mente da própria Rainha. Não, não. Ela precisava de algo novo. Uma criatura que pudesse vivenciar as experiências da vida e suportar a influência de seu ser. O plano passou a se formar com facilidade na mente da deusa. O multiverso era um vasto solo frutífero para seu experimento. Escolheu o mundo de Abeir-Toril, farto de possibilidades onde havia um grupo de estudiosos que prometeram fidelidade e formado um culto secreto para louvar a Rainha dos Corvos em troca dos vastos conhecimentos da deusa. Eram nobres de um reino conhecido como Cormyr. Mortais abastados e sedentos por mais poder. Iriam servir. Para cumprir seus intentos, a Rainha dos Corvos falou com seus cultistas, dizendo que um enviado chegaria ao templo oculto que eles haviam erguido em seu nome e lá, este enviado deveria deitar-se com a filha do líder da ordem e esta mulher teria um filho que traria a marca do Corvo. A Rainha lhe disse ficaria muito satisfeita com todos eles se sua ordem fosse obedecida sem questionamentos. E que sua recompensa seria generosa. Chegado o momento, a Rainha dos Corvos convocou seu escolhido, um Shadar-Kai de grande conhecimento e poder. Ora, todos o Shadar-Kai são estéreis, mas este em particular recebeu o dom temporário de poder engravidar a fêmea mortal escolhida pela Dama das Memórias. E assim foi feito, em uma caverna esculpida no subterrâneo de Cormyr, um Shadar-Kai engravidou uma mulher humana e em algum momento do futuro essa criança seria uma extensão da consciência da própria Rainha dos Corvos, um livro vivo que ela nunca lera e nem poderia influenciar, mesmo que carregasse parte da deusa. Com isso, ela esperava, uma memória que há muito ela havia perdido, poderia retornar. E com isso, o caminho para a resposta, para a redenção de seu pecado, finalmente se tornaria clara como a luz radiante de um sol. II: Os Belmonth eram uma família tradicional e respeitável de Cormyr. Podiam traçar sua linhagem até o período da fundação do próprio reino. Uma família famosa por gerar intelectuais e magos de renome, alguns dos poucos aceitos na capital do reino. Formaram estudiosos e professores influentes e bem conectados. Haviam aventureiros em sua linhagem que fizeram fama e trouxeram glória para a casa dos Belmonth. Sua influência e poder chegaram ao auge em tempos áureos. Mas o declínio era inevitável. Com o passar do tempo, minguaram-se as riquezas abundantes. Propriedades e fazendas foram vendidas e, pouco a pouco, seu nome fora perdendo peso. Sobraram apenas a altiva mansão em Suzail, capital do reino, habitada pelos remanescentes da família e uma parca parte de sua riqueza, assim como poucos empregados. Tinham algum rendimento por conta de casamentos arranjados e de um ou outro espólio que os mais bravos da família se dispunham a trazer em férias de suas aventuras. Os tempos eram cada vez mais difíceis, mas uma esperança havia surgido. Anos atrás, Lorde Henry Belmonth, patriarca da família, voltou de uma de suas viagens as terras distantes com um certo tomo obscuro que havia encontrado... e ideias perigosas. O Lorde dizia que havia visitado outro mundo, um lugar conhecido como Pendor das Sombras e lá, havia se encontrado com um estranho povo, parecidos com Elfos, chamados Shadar-Kai. Os Shadar-Kai possuíam segredos há muito esquecidos pela civilização e seus sussurros eram cheios de promessas de poder e conhecimento. O preço era algo tão abstrato como uma ideia, foi o que eles disseram. Tudo que Henry Belmonth deveria fazer era jurar sua alma a Rainha dos Corvos. Ao voltar dessa expedição, Henry era agora sacerdote de uma divindade desconhecida e sombria. As palavras do patriarca soavam como mel para os outros membros da família que logo seguiram seu caminho em adoração a estranha Rainha e suas promessas de glória. Assim, a Ordem Secreta do Corvo foi formada no final daquele ano em uma noite fria e cheia de portentos. Um templo foi construído em uma caverna subterrânea abaixo da mansão durante anos e o culto tomou forma com todos os membros da família participando. Os líderes eram o próprio Henry Belmonth e seus filhos, Anna, a mais velha e Ducan, o caçula e herdeiro por direito. Anna foi a que mais se devotou a Rainha e para os segredos sombrios daquela a quem se referia como dama. Adquiriu muito conhecimento, além de poderes divinos ao se tornar uma clériga da deusa. Seu irmão, o jovem Ducan, soberbo e mesquinho, desejava apenas riquezas e títulos prometidos. Era também era o favorito de seu pai simplesmente pelo fato de ser homem. Em pouco tempo, a família Belmonth voltou a ascender ao poder graças as dádivas do conhecimento do passado cedido pela divindade sombria em estranhos sonhos, mas principalmente para Anna. Com o passar do tempo a mansão e os próprios Belmonth tornaram-se mais sinistros e reclusos. Às vezes, cânticos eram ouvidos na madrugada, vindos de algum lugar dos arredores da mansão. Estranhas luzes azuladas piscavam dentro dos quartos e figuras de visitantes encapuzados eram testemunhados por vagantes ou algum Dragão Púrpura temoroso que por ali passava a noite. Os tais visitantes eram Shadar-Kai enviados pela própria senhora, escolhidos para lhes trazer tomos e pergaminhos, assim como notícias que podiam influenciar e oferecer vantagens ao culto e seus cultistas que se espalhavam em pequenos grupos secretos ao redor mundo. Lorde Henry e toda a Ordem guardava sua doutrina a sete chaves de toda a nobreza e populacho de Cormyr. Tal culto a uma divindade desconhecida e a hospitalidade a seres tão bizarros certamente seria vista com péssimos olhos pela boa gente da região. Além do mais, os Belmonth queriam a graça da Rainha dos Corvos somente para eles. Algum tempo se passou até que em um dia cinzento de inverno, Lorde Henry recebeu a visita de um corvo e este lhe sussurrou que naquela mesma noite, sua primogênita, Anna, deveria ser trancada sozinha no templo abaixo da mansão e só poderia ser libertada na manhã seguinte. O corvo ainda lhe disse o que havia de acontecer: Anna deveria ceder sua virgindade a um arauto e conceber seu filho em nome da própria deusa. Naquela altura de sua devoção, tal pedido não soou tão absurdo aos ouvidos do Lorde. Tinha certa simpatia pela filha, claro, mas seu orgulho era o filho homem. Seja como for, o pedido foi atendido. A mensagem do corvo foi levada a Anna e a jovem mulher a recebeu com frieza, não com tristeza, jubilo ou algo parecido, apenas com determinação. Ela se banhou demoradamente em águas perfumadas, escovou seus longos cabelos e trajou-se com um simples vestido negro. Estava bela e fria como sempre fora. Sem hesitar, seguiu sozinha pelos corredores da mansão e pelo túnel secreto que levava até o templo oculto. Adentrou a escuridão com passos firmes. As pesadas portas esculpidas na rocha se fecharam atrás da mulher. As tochas se acenderam com chamas azuladas e, no centro do templo, um Shadar-Kai esperava por ela envolvo em um manto que se revolvia como fumaça. Ele a chamou pelo nome e a tomou sobre o altar onde tantas vidas haviam sido ceifadas em rituais de sacrifício. Na manhã seguinte, as portas foram abertas e Anna surgiu sem demonstrar abalo e anunciou que a vontade da deusa fora atendida. Os Belmonth ficaram exultantes pois consideravam aquilo uma bênção de sua deusa. Que um rebento de vindo de um enviado da rainha e um membro da casa dos Belmonth era uma grande honraria. III: A casa dos Belmonth havia recuperado o renome do passado, pelo menos em partes. Eram respeitados por toda Cormyr. Nobres benquistos na alta classe do reino, severos, mas justos entre a população comum. Porém, por trás de suas paredes secretas, completos sádicos, embebidos pelo poder que imaginavam possuir. Os rituais e sacrifícios continuavam em suas reuniões cada vez mais frequentes. Estranhos eram trazidos de fora e nunca mais vistos. Tudo em nome do conhecimento no qual eram agraciados de tempos e tempos e de seus favores, mas a verdade é que a Rainha dos Corvos jamais havia exigido nem ao menos um desses sacrifícios. O que se passava com aqueles mortais pouco interessava a ela, a não ser uma leve curiosidade mórbida sobre seus hábitos sinistros enquanto evocavam seu nome. Toda a maldade que se passava naquela mansão e aquela sedenta busca por mais poder eram fruto da natureza dos próprios Belmonth. Anna compreendia que tudo o que se passavam em sua casa não significava nada a deusa, a não ser, a criança em seu ventre. A sacerdotisa compreendia seu papel naquilo tudo e dedicava-se apenas para seus estudos e o acúmulo das memórias contidas na biblioteca da família. Assim os meses foram passando, até que Anna finalmente deu à luz a um menino idêntico a um meio-elfo, pálido e com uma feição muito diferente a dos Belmonth. Aquilo gerou certo descontentamento em sua família. Mestiços não eram bem vistos naquela terra, ainda mais em uma família tão importante. O que a corte diria? E havia o fato da criança não ter um pai. O enviado pela deusa nunca fora visto por ninguém fora a própria Anna. Apesar do menino ser um escolhido da Rainha dos Corvos, ele também era uma mancha na reputação da casa dos Belmonth. A criança foi entregue a uma ama de leite. Passaria a receber a melhor educação que o ouro podia comprar, era bem alimentado e introduzido ao culto secreto, mas jamais seria relacionado com o sangue dos Belmonth. Anna não teve escolha. Sabia que era assim que as coisas deveriam acontecer. Era a única forma de estar perto do filho e ter chance de protege-lo se fosse preciso. Aegrin Belmonth, desde muito jovem, mostrou ser uma criança notável, carismática e apaixonada por tudo o que envolvia as festas da alta classe, desde as vestimentas, as músicas e a comida. Aquele estilo de vida lhe enchia os olhos e era lhe permitido participar de tais eventos como um garçom ou como um dos ajudantes em tais festividades. Também se deleitava com histórias de heróis, aventuras e das grandes sagas que ouvia tão avidamente. Sempre se imaginou como um grande herói naquele mundo fantástico. Demonstrava pouco interesse pelas aulas de magia ou história que lhe eram oferecidas, preferindo vagar pelos jardins da mansão e se juntar aos filhos dos empregados em suas brincadeiras. Ele adorava cortejar as filhas daqueles funcionários e as jovens nobres que frequentavam as festas da família. Seu charme natural e sua habilidade com a diplomacia o tornavam uma presença requisitada naquelas festas. Tinha uma energia contagiante e seu sorriso cativante conquistavam a todos que o cercavam. Exceto pela maioria de sua própria família. Os Belmonth viam Aegrin com uma mistura de preconceito, inveja e temor. Afinal, ele era o escolhido da Rainha dos Corvos, uma posição que gerava tanto respeito quanto receio entre os cultistas. Aegrin não entendia completamente o significado de seu status, mas sabia que era diferente dos outros que carregavam aquele sobrenome. Sua natureza efervescente e descompromissada, principalmente com os ensinamentos sombrios do culto da Rainha dos Corvos, causava preocupação entre os membros mais rígidos da família. O garoto sofria frequentes perseguições por parte de seus primos e parentes mais jovens, invejosos de toda atenção que ele atraía para si. Sua mãe, Anna, sentia uma dor profunda por ver o filho ser tratado de forma tão injusta, mas era obrigada a manter uma relação fria e distante com ele, devido às pressões e expectativas de seu pai. Além do mais, muito foi lhe fora revelado sobre o que estava para acontecer naquela casa maldita. Partes das intenções da Deusa foram reveladas a Anna, embora ela não compreendesse o porquê de tudo aquilo, entendia que o curso de eventos no qual estava ligada garantiria a própria vida e, principalmente, a de seu filho. Mesmo entre intrigas, presságios e estranhos sinais - havia amor entre eles - e Aegrin conseguia sentir o carinho que sua mãe tentava esconder nos breves momentos que conseguiam ficar a sós. Apesar de uma infância difícil, marcada pela alienação de sua própria família, Aegrin Belmonth superou todas as adversidades enquanto crescia. Enquanto isso, Duncan Belmonth, o jovem e ambicioso filho de Henry Belmonth, viu na criança nascida da união de sua irmã com o Shadar-Kai uma oportunidade de usurpar o controle do culto sombrio que sua família liderava. Ele estava disposto a tudo para obter o poder e a influência que tanto almejava, incluindo trair sua própria irmã. À medida que o tempo passava, Duncan se aproximava do filho de Anna, o jovem mestiço que carregava a marca do Corvo. Ele sabia que o garoto possuía uma conexão especial com a Rainha dos Corvos e, se pudesse controlá-lo, poderia ascender ao status de líder do culto. Duncan começou a sussurrar promessas de poder e riqueza ao ouvido do menino, criando ambições e alimentando seus desejos. Anna permanecia dedicada à sua deusa e ao culto, ignorando as maquinações de seu irmão. Ela treinava intensamente suas habilidades, sabendo que chegaria uma hora em que dependeria inteiramente deles para proteger seu filho e a si mesma. Determinado a eliminar a presença de sua irmã Anna da mansão de sua família e assumir o controle absoluto sobre Aegrin, Duncan, planejou um golpe elaborado para alcançar seus objetivos. Começou espalhando sussurros e rumores entre os membros mais conservadores da família, insinuando que Anna estava secretamente questionando a liderança do culto e considerando desafiar suas tradições mais sagradas. Espalhou a ideia de que sua irmã estava almejando tomar para si a posição do próprio pai como líder da família e todo poder que viria com isso. Em seguida, forjou documentos e correspondências falsas que sugeriam que Anna estava conspirando com membros externos, possivelmente de outras casas nobres, para derrubar o próprio pai e irmão (herdeiro por direito, ele fez questão de frisar essa parte) estabelecendo seu próprio poder sobre todo o culto. Esses documentos falsos continham evidências fabricadas dos supostos planos de traição e subversão. Duncan aproveitou uma reunião importante da família, na qual estavam presentes não apenas os membros do círculo interno, mas também parentes distantes e aliados, para revelar suas "descobertas". Ele fez acusações públicas contra Anna, apresentando os documentos falsos como prova de sua traição. Os membros da família ficaram chocados e indignados com as alegações e as "provas" apresentadas. Henry Belmonth, pai de Anna e Duncan, enfrentou uma situação difícil com todas acusações feitas em uma grande reunião como aquela. Por conta disso, seria obrigado a tomar alguma providência contra a traidora. Ele era leal à Rainha dos Corvos e ao culto. Ao mesmo tempo amava a filha a sua própria maneira. Porém, tudo estava contra sua filha. Sob pressão da família e do culto que sugeriam até a morte de sua primogênita, ele tomou a decisão de expulsar Anna da mansão da família e bani-la do culto secreto. Apesar de toda maldade em seu coração, não conseguia se ver ordenando a morte da própria filha. Anna havia sonhado com uma traição vinda de seu próprio sangue tempos antes, sabia muito sobre o que viria, mas não deixou de ser surpreendida e profundamente magoada por tal traição vir de seu próprio irmão. Sabia também que era o desejo da Rainha dos Corvos que ela deixasse a mansão e seu filho. Assim, resoluta, não ergueu a voz contra as acusações, nem tentou se defender com argumentos ou com seus poderes mágicos. Apenas aguardou a decisão do pai. Naquela mesma noite, já estava de malas prontas. Despediu-se apenas de seu filho, que não compreendia o que estava acontecendo, assolado pela inevitável partida da mãe, implorou para ir junto. Anna, comovida a ponto de sentir o coração doer - pela primeira vez em muito tempo - acariciou o rosto do filho, dando lhe por fim um abraço forte e afetuoso como nunca antes. “Me desculpe por essa vida, meu filho.” Disse a beira das lágrimas. “As tramas do destino já estão alinhadas com nosso caminho. Mas não tema, sei que teremos nossa recompensa e que eu voltarei a abraça-lo em breve.” Foi tudo que ela disse antes de virar as costas abruptamente. Um corcel negro a aguardava na saída dos fundos da mansão. Aegrin chorou com a visão da mãe desaparecendo sob a chuva forte que caía naquela noite. Do alto de uma janela, Duncan sorria, saboreando seu vinho favorito. Agora, estava livre de sua irmã, vendo a chance de sua própria influência sobre Aegrin crescer cada vez mais. Sentia que seria ele o favorecido pela deusa ao assumir a responsabilidade e poder do culto. Lorde Henry não conseguiu ver a partida da filha. Permaneceu no escritório, encarando um corvo pousado sobre um galho do lado de fora da janela. O pássaro se encolhia na chuva, mas seu olhar parecia estar o tempo todo, sem piscar, sobre o velho patriarca da mansão de forma agourenta. IV: Os anos se passaram e o apogeu da família Belmonth passou como as folhas das árvores daquele outono. Primeiro, se estagnaram quando passaram a se isolar cada vez mais nas mansões, presos em um jogo de poder interno que criou um clima instável de desconfiança. Então veio o longo declínio que foi correndo a casa do Belmonth pouco a pouco. Lorde Henry envelheceu com a saúde debilitada, mal saindo de seu leito e cheio de arrependimentos. Duncan jamais conseguiu o poder e a fortuna que tanto ansiou com seus planos e manipulações. Aegrin, embora tratado com certo desprezo, tornou-se um diplomata habilidoso, um verdadeiro nobre, mesmo que não tivesse herdado o título propriamente dito. Uma vida cheia de humilhações e pequenas vitórias haviam lhe trazido uma empatia impar entre aquela gente tão ambiciosa. Em qualquer outra região daquele mundo, ele teria um destino muito diferente, tornando-se talvez um político carismático ou governante de um reino. Mas sua sina iria forja-lo com um forte senso de como era tratar a pessoas de maneira justa e humana Nos últimos anos de sua vida, o Senhor dos Belmonth havia perdido o apetite para as orgias, rituais e extravagancias do culto. Passava cada vez mais tempo no quarto que sua filha cresceu, absorto nos tomos e pergaminhos que Anna havia reunido com o tempo. Tardiamente o ancião começou a compreender as dádivas e mistérios da Rainha dos Corvos. Tal recém adquirida sabedoria era o que o impedia de transferir a liderança do culto ao seu filho, pois sabia que este cometeria os mesmos erros e simplesmente continuaria as tradições fúteis nas quais haviam se atado. Ao mesmo tempo, via o quanto o neto havia superado todas as adversidades, tornando-se conhecido por seu carisma e traquejo político. Tudo isso, claro, causava grande frustração e inveja para Duncan. Em seu amago, este ansiava por matar o próprio pai e o sobrinho para finalmente ter o que era seu por direito. A trama da Rainha aproximava-se do fim. Certa manhã, Lorde Henry foi surpreendido por uma terrível paralisia do sono. Seus olhos estavam abertos, atentos, mas o corpo permanecia desligado. Sua visão parecia estar presa e focada na janela de seu quarto. Do outro lado, o mesmo corvo que havia o visitado outras duas vezes o encarava com as órbitas de seus olhos vazias. Estava velho e quebradiço, tal como o próprio lorde. O corvo falou dentro de sua mente, meio como em um sonho, meio como em uma memória. Era como se a linguagem com a qual a ave se comunicava, fizesse brotar a impressão de o próprio Henry tivesse pensando no que deveria ser feito. O conceito de sacrífico e a face de Aegrin lhe saltavam a mente com urgência. A mensagem era clara: a Deusa demandava um sacrifício. O velho suspirou. Tocou a sineta para chamar um servo e passou todas as instruções do que deveria ser feito ainda naquela mesma noite. Aegrin e Duncan cuidavam de suas vidas quando receberam as ordens para cerimônia surpresa daquela noite. O primeiro estava jogando cartas com convidados. Lhe avisaram que as 23 horas daquela noite, deveria estar na antessala do templo secreto. Já Duncan foi convocado em trajes cerimoniais para orações e oferendas à Deusa. No horário acertado, Aegrin entrou no cômodo reservado para preparações dos que iriam presidir o culto da noite. O jovem Belmonth fora despedido, banhado e vestido com um robe negro, adornado por penas de corvos do capuz até as mangas do traje. As penas também foram presas a seus cabelos junto a maquiagens ritualísticas. Aegrin nunca tinha visto ninguém usar aquele tipo de indumentária em nenhuma outra ocasião antes. Logo a seguir, foi guiado até o salão em si, onde todos os membros do culto, grandes e pequenos estavam reunidos, trajados com túnicas humildes, representando a servidão a Rainha dos Corvos. Viu Duncan entre os presentes. Lorde Henry estava diante do altar de pedra maciça cujos cantos eram esculpidos como pernas e garras de um corvo. Foi ali mesmo que o próprio Aegrin havia sido concebido anos atrás, fruto da união de Anna com o estranho enviado pela Deusa. Aegrin não sabia o que estava prestes a acontecer. Fora lhe dito que aquele era ritual de iniciação e que ele seria promovido dentro da Ordem. Nunca teve interesse em nada daquilo, nem no passado e muito menos agora. Só queria que terminasse logo. Na verdade, nem levava essas coisas a sério e se deixou guiar pelo teatro de seus convivas, mesmo que tudo fosse estranho demais. Foi despido novamente. Passaram uma grossa camada de tinta preta por suas costas e a seguir colaram penas de corvos sobre a toda as costas do jovem. Deram a instrução para que ele deitasse no altar. Quatro cultistas colocaram-se nos cantos, e de repente, agarraram cada um deles, seus braços e pernas. Foi nesse instante que o medo implodiu no amago de Aegrin. Sem delongas, sem avisos, o Senhor dos Belmonth se colocou ao lado do neto. O olhava com o que poderia ser piedade ou cansaço. Aegrin estava tão assustado que não conseguiu dizer uma palavra, nem quando o avô ergueu um punhal prateado sobre seu peito. Sem hesitação, o ancião desferiu um golpe decisivo e certeiro bem no coração de Aegrin que arregalou os olhos, acompanhando o movimento rápido da lâmina que se cravou por completo em seu peito. Gemeu em desespero vendo o vermelho de seu sangue se alastrar pelo peito. Ficou mais assustado ainda quando o vermelho se tornou negro. Logo em seguida, todos ficaram assustados quando chamas azuladas brotaram do ferimento mortal que Lorde Henry havia causado no neto. Tais chamas se alastraram pelo sangue negro e depois por todo o corpo de Aegrin. Os cultistas se afastaram com um sobressalto e um coral de espanto ecoou entre os presentes ao testemunharem aquela cena. Aegrin começou a flutuar conforme asas como as de um corvo feitas de chamas negras impulsionaram seu corpo para o ar. Essas chamas tomaram forma ao redor do corpo do jovem, e se tornaram uma terrível armadura completa que se movia como chamas por toda a forma de Aegrin. O elmo que usava era encimado por pequenas asas também negras. De sua mão esquerda, uma espada longa negra como a noite, envolta com um místico fogo azul, surgiu como nascida do pulso do jovem. Nesse momento, alguns dos presentes tentaram escapar, mas a porta principal estava trancada. Tentaram saídas laterais e até a secreta, mas nenhuma delas se abriram. Foi só quando todos perceberam que estavam irremediavelmente presos no templo é que Aegrin começou a matança. Era como uma sombra de chamas movendo-se rapidamente pelo ar, rasgando a carne e decepando cabeças com golpes que trovejavam alto ou que espalhavam ainda mais daquele fogo frio, mas que ainda queimavam, trazendo dor e morte. Disparava rajadas mágicas pela ponta de sua espada, matando indiscriminadamente. Ninguém ali conseguiu revidar. Um a um, foram mortos pela lâmina maldita de Aegrin. Duncan foi morto sem hesitação alguma. Aegrin, seu sobrinho lhe rasgou a garganta de ponta a ponta com um golpe rápido que fez seu sangue espirrar como uma fonte rubra. Lorde Henry assistia aquele terrível milagre em estado de choque, maravilhado e assustado. Após matar todos que estavam ali, Aegrin, trajando aquela armadura mágica, voando com asas de corvo, parecia um anjo negro enviado pela própria Rainha. Virou-se para o avô sem dizer uma palavra sequer e aproximou-se lentamente. Henry Belmonth não conseguia nem ver os olhos do neto sob aquele elmo. Assistiu congelado ao outrora gentil e carismático rapaz erguer aquela terrível espada negra como ébano e devolver o golpe no coração que ele mesmo havia desferido contra o neto a pouco. Lorde Henry finalmente viu os olhos de Aegrin sob o visor. Um deles brilhava com chamas azuis e, partir daquele dia, seria sempre daquela cor, sinal característico de um tocado por deuses, enquanto o outro permanecia profundamente preto. Quando acabou, o corpo de Aegrin pousou no chão encharcado de sangue. A espada e a armadura desapareceram. Ele caiu sobre os joelhos e tombou para a frente como se tivesse desmaiado. Voltou a si no mesmo instante e corpo estacou naquela inclinação antes de bater no solo. Levou a destra ao peito, soltando o grito que ficou entalado ao receber o golpe do punhal. Tudo que sentiu foi a cicatriz áspera em alto-relevo sobre a pele. A frente, viu o Avô morto com seus olhos arregalados e a expressão aterrorizada. O jovem vira o rosto lívido para os lados e para trás e observa todos os outros mortos amontados uns sobre os outros. Havia tanto sangue e tantos corpos que a cena nem lhe parecia real. V: O golpe mortal do punhal atravessou seu coração e Aegrin se viu morto. Em um momento, estava deitado em altar de pedra esculpida e, no outro, viu-se de joelhos no centro de um amplo jardim circular. O concreto abaixo de si era rachado e de aspecto antigo. A noite não tinha lua, nem estrela alguma. Todo o cenário era parcamente iluminado por postes de aparência gótica onde lanternas penduradas sobre seus topos emitam uma iluminação fraca e azulada. Plantas enegrecidas cresciam nos canteiros e roseiras ressecadas pendiam como mortas. Mais além, Aegrin divisou uma cidade de sobrados curvados encimados por telhados em forma de triângulos. Portas e janelas estavam fechadas e, em algumas das mais próximas, se via uma luminosidade fantasmagórica. Vielas, becos e ruas de paralelepípedos se espalhavam por todos os lados. Olhando para mais longe, contra o horizonte sinistro, silhuetas de igrejas, casarões, barracões e outras construções se erguiam a perder de vista, mas nada era tão grande quando o palácio que se agigantava a distância contra aquele céu opressivo. Não usava roupa alguma, como na mesa de sacrifício. Ainda assustado, começava a assimilar a ideia de que estava morto e que ali era o pós vida. Tudo que cresceu ouvindo ou lendo era verdade! Estava no reino da Rainha dos Corvos de fato. Naquele silêncio sepulcral, o som de gigantescas asas atraiu sua atenção. Virou-se para trás com um pulo e viu uma enorme forma feminina pairando acima do jardim. Seus pés eram enegrecidos e enrugados como as patas de um corpo, mas, conforme subia a pele ia se tornando pálida e de aparência mais lisa. Estava toda nua. No lugar de pelos pubianos, haviam penas lisas que refletiam as luzes dos postes. Os braços longos estavam esticados para os lados, tornando-se negros a partir dos cotovelos até as pontas dos dedos, que eram na verdade, garras. Sobre suas costas, asas enormes se erguiam até se misturarem com a cor do céu noturno. O rosto daquela entidade estava coberto por uma máscara sorridente. Os lábios finos delineados com tinta preta. Olhos eram estreitos e sinistros. Os cabelos longos ondulavam contra o ar conforme ela descia das alturas em direção a Aegrin. Quanto mais se aproximava, mais parecia diminuir de tamanho e ao tocar o chão, tinha uns 5 metros de altura. Suas asas se fecharam ao redor de seu corpo e formaram um belíssimo vestido que a tornava ainda mais imponente. Em seu âmago, Aegrin sabia que aquela era a Rainha dos Corvos. Estar na presença de uma deusa era algo que não poderia ser exprimido por palavras. Além do que os sentidos captavam em tal ser, havia toda uma presença majestosa alimentada por crenças e imagens que cresceu aprendendo sempre. Ele sempre alimentou um temor respeitoso pela figura dessa deusa, mas em seu íntimo, mal acreditava nela. Foi arrebatado pela realidade inescapável da verdadeira existência da Rainha dos Corvos. Sentiu a sanidade rachar e começar a desmoronar. As pernas ficaram bambas e o mais puro terror tomou conta de seu ser. A Rainha estava ciente do impacto que sua presença poderia causar naquele meio Shadar-Kai e sua frágil mente. Não queria de forma alguma lhe causar mal algum, pelo contrário, desejava que ele fosse perfeitamente são e saudável para atender aos seus propósitos. Assim, valendo-se de seus vastos poderes, confinou sua forma para algo mais compreensível; seu tamanho diminuiu ainda mais, sua máscara sinistra deu lugar a face de uma bela, porém melancólica, alta-elfa de tez pálida e longos cabelos negros. As vestes também tomaram um aspecto da nobreza humana, algo que Aegrin reconheceria. “Não tenha medo, rebento do meu pensamento.” Ao ouvir a Rainha dos Corvos, Aegrin, que tampava os olhos, ergueu a face diante daquela voz. A imagem que viu ainda era a de uma criatura superiora, ainda inumana, mas não lhe causava aquele desconforto avassalador anterior. Prostrado e trêmulo, só conseguiu balbuciar: “Você... Você é....? ” A deusa esboçou um estranho sorriso que não parecia de todo natural, como se aquele ser não soubesse direito como se dava um sorriso apropriado, mas sim sinistro e um tanto assustador. “Sim. Sou a Rainha dos Corvos e sua senhora.” Seu tom era autoritário. “Soberana desse reino em que sua alma agora encontra eterna morada.” Aquelas últimas palavras causaram um temor congelante ao jovem. “Estou mesmo morto?” - “Ah, sim. Está. Sinto muito. Assassinado por seu avô enquanto sua família e todos que conhecia assistiam. “ Aegrin ainda não havia pensado sobre aquilo. As palavras o fizeram racionar sobre os eventos que haviam se passado há pouco na mansão dos Belmonth e um misto de tristeza e raiva se apossou do rapaz. Tais sentimentos, lhe deram coragem súbita para dar voz a toda frustração que sentia : “Me mataram por você. Porque você assim pediu. Como pediu a morte de tantos outros em todo esse tempo.” A resposta da Rainha tinha um tom de divertimento. “Jamais pedi um único sacrifício para aqueles homens e mulheres. Aqueles que me ofereciam, partiam de sua própria vontade, esperançosos que tais oferendas fossem me agradar. A verdade é que sua família passou a gostar de todo o sangue derramado. Sua espécie encontra prazer em atos que lhe conferem a ideia de poder. Posso sim ter aceitado as almas que enviaram a meu reino, mas nunca os obriguei, nem ordenei tais sacrifícios.” Havia algo nas palavras dela que lhe soavam tão verdadeiras que Aegrin sabia que não poderiam ser mentiras. “Mas então, por que eu? Por que pediu o meu sacrifício?” - “Essa noite realmente requisitei um sacrifício, mas não é a sua morte que desejo. A interpretação de minha mensagem para o seu avô foi falha. Quis lhe mostrar que você, Aegrin Belmonth, foi escolhido como meu instrumento. Sua morte mostrou a falta de entendimento de Henry Belmonth quanto a meus desígnios. De qualquer forma, meu intento há de se cumprir. Inadvertidamente, você foi enviado diretamente à minha presença. O que nos parece ainda mais fortuito. Dessa maneira você pode entender mais claramente minha vontade. Para que você realize o sacrifício que quero.” Para o confuso Aegrin, tudo aquilo parecia cada vez mais confuso e enigmático.: “E o que quer em troca?” A Rainha fez uma breve pausa. Seus olhos não piscavam, nem se desviavam de Aegrin. “Quero que viva. Quero que se vingue por todos os anos em que passou sofrendo nas mãos dessas pessoas. Que os cobre pela honra perdida de sua mãe. Quero que sacrifique, em meu nome, todas as vidas que se encontram na caverna que construíram em meu nome na terra dos viventes.” Nesse momento, a Rainha desenhou um círculo no ar com o indicador. Sua unha negra pareceu rasgar a próprio espaço a sua frente e, no meio do tal círculo, uma imagem se formou: era a cena onde Henry Belmonth cravava o punhal sobre o coração de Aegrin. Uma imagem congelada como um pintura, mas que mostrava a realidade do que aconteceu. O jovem se chocou com aquele ponto de vista de si mesmo e da própria morte. “Lhe ofereço um pacto aqui e agora, Aegrin: Eu lhe darei a vida novamente.” Continuou a Rainha, “E o poder para que se vingue e viva seus dias com a força necessária para fazer valer a sua vontade. Terá sua liberdade e, com o tempo, o poder para conquistar o que deseja.” Aquelas palavras, ditas com tamanha veemência, eram tentadoras. Pareciam justas até, mas, ainda assim, lhe despertavam uma dúvida óbvia: “E o que você... o que a senhora ganha com isso?” Ela sorriu. “Considere isso um presente. Uma chance de recomeçar a própria vida. Você e sua mãe sempre foram servos fiéis a minha causa. Verdadeiramente. Seus sofrimentos durante a vida ganham agora a recompensa. Aceite minha proposta e volte para seu mundo... ou a negue e permaneça aqui pela eternidade.” Colocada daquela forma, parecia a Aegrin não restar outra saída. Foi então que focou o olhar na expressão do avô naquela imagem mágica: ele sorria. Um sorriso maléfico de satisfação. Em seu âmago, sabia que todos os presentes naquele ritual estavam sorrindo. Chorou por eles, por si mesmo e por toda aquela situação maldita, “Sim. Eu aceito.” Mais uma vez, a Rainha dos Corvos ergueu a mão e sobre sua unha, brotou um fio vermelho que foi se esticando e esticando, dando voltas sobre si mesmo até chegar ao peito de Aegrin. A ponta daquele fio – que muito se parecia com sangue – penetrou o orifício em seu peito e o jovem sentiu aquilo se entrelaçando ao próprio coração. Houve um momento de dor e depois o desespero quando se viu envolto em chamas azuis. Levou um tempo para perceber que aquele fogo não o queimava. Na verdade, não causava nenhum mal. “Está feito.” Ela lhe disse, “Observe.” A imagem congelada no círculo mágico ganhou vida e movimento. Aegrin assistiu o que se passou no mundo físico logo após ter aceitado o pacto: viu o próprio corpo morto sobre o altar irromper em chamas sobrenaturais. Abismado, viu a si mesmo manifestar poderes e habilidades que jamais imaginou poder possuir. Testemunhou o massacre que se seguiu o compreendeu que aquele era o sacrifico que a Rainha havia exigido verdadeiramente. Seu corpo foi a ferramenta que a deusa havia escolhido para tal ato. Enquanto assistia a cena pavorosa, o fio soltou-se do dedo da Deusa e adentrou por completo no peito de Aegrin. “Nosso pacto está selado, rebento do meu pensamento.” Ela anunciou, “Agora parta imediatamente e vá viver sua vida. “Espere! Por que me cha--.” Não conseguiu concluir a pergunta. Um clarão cegou seus olhos e no instante seguinte, se viu diante do cadáver de seu avô. Ao virar a face, viu grande parte das pessoas que fizeram parte de sua vida mortos... por suas próprias mãos. VI: Ainda aturdido por todos aqueles eventos, ouviu o ranger das grandes portas do templo se abrirem. Uma figura feminina caminhava por entre elas. Aegrin pensou ser a própria Rainha dos Corvos manifesta em seu mundo, mas a figura invocou um globo de luz e assim o jovem poder ver a face da própria mãe. Regressa depois de anos, justamente naquele momento traumático. Em meio a um verdadeiro pesadelo desperto, ver justamente aquela face trazia um alivio incomensurável para o rapaz. Por sua vez, Anne trazia uma expressão carregada de pesar. Mas acabou por sorrir e simplesmente correu para abraçar o próprio filho. Nesse momento, ambos explodiram em lágrimas. Carinhosamente, Anna cobriu o filho com um manto e o tirou daquele lugar na qual a própria conhecia tão bem. Depois de subirem pelas escadarias secretas que ligavam a caverna e a mansão, Aegrin viu que a mãe não havia chego a mansão sozinha. Outros indivíduos com trajes negros, cheios de cicatrizes e marcas de batalhas trabalhavam rapidamente para juntar todas as mobílias, joias, pratarias, quadros e todos outros itens de alguma relevância em montes espelhados pelo chão. Anna continuou guiando o filho para andar acima, indo em seguida para o quarto do rapaz. Só quando estavam longe dos outros, de portas fechadas é que ele perguntou o que aquela gente toda estava fazendo ali. A mãe explicou que a toda a mansão seria levada a Fortaleza das Memórias no coração do Pendor das Sombras e lá iriam permanecer para sempre, sussurrar memórias das vidas que testemunharam. Se tornariam retratos da tristeza daquela mansão. Aquilo tudo parecia um absurdo, mas o tom de voz e a expressão de Anna pareciam sérios o suficiente para o deixar calado e pensativo. A seguir, Anna entregou a Aegrin trajes novos e uma mochila de viagem previamente preparada e repleta de suprimentos, ouro, uma sacola com ingredientes mágicos, além de documentos que comprovariam que ele era membro de uma nobre família de Cormyr. Então, sem mais nem menos, disse que o filho deveria partir dali imediatamente. Sozinho! Mal começou a fazer perguntas e Aegrin foi interrompido. Sua mãe lhe explicou que não havia tempo. Não poderiam ficar ali e nem ao menos permanecer juntos. O que Anna não disse ao filho é que aquilo não era o que ela queria tampouco. Ainda seguia os desígnios da Rainha fielmente e ela havia ordenado que seu escolhido fizesse sua própria jornada sem ela. Mesmo que aquilo despedaçasse seu coração, Anna aceitou. Dizia a si mesmo que estava feliz pelo filho estar vivo e livre finalmente. Aegrin relutou, gritou e pestanejou. Amaldiçoou aquele destino maldito, mas, no fim, não pode fazer nada. Sua mãe lhe explicou que não havia como se defenderem do assassinato de todos ali. Seriam acusados e condenados a morte. Ao invés disso, fugiriam para longe daquele lugar. Explicou que, através de um ritual secreto, iriam transportar toda a mansão e o templo para o Pendor das Sombras, deixando para trás apenas um mistério sem explicação que as autoridades jamais desvendariam. O jovem conseguia compreender a necessidade daquilo tudo, mas ainda não aceitava que mãe e filho tivessem que se separar de novo. Ela não lhe disse a verdade. Só respondeu que as coisas deveriam ser assim. Ainda no meio daquela madrugada enevoada, Aegrin e sua mãe partiram daquela mansão que havia feito parte de suas vidas e que deixaria de existir naquele plano da existência. Anna o acompanhou até as fronteiras ao norte da região. Ninguém os viu passar nem imaginavam coisa alguma sobre eventos que ali transcorreram. Se despediram mais uma vez. Novamente, Anna prometeu ao filho que voltariam a se encontrar. Seu último presente foi uma espada longa toda enfaixada por faixas negras. Disse que deveria carrega-la consigo mesmo que nem soubesse como usar aquela arma. Naquela mesma madrugada, algumas horas depois, em meio a uma densa neblina, um grupo de vigias noturnos que caminhavam perto da mansão Belmonth ouviram um estrondo de terra desmoronando. Correram em direção de onde o som veio e estacaram de susto e medo ao constatarem que toda Mansão da abastada família que lá vivia, havia simplesmente desaparecido e deixado em seu lugar um buraco no chão de comprimento e largura iguais a da construção que sempre estivera ali. Não encontram pistas nem explicação para o que teria acontecido a mansão ou a família dos Belmonth. Já longe da região que chamou de lar, Aegrin partiu a contragosto pela escuridão, rumo ao noroeste como sua mãe lhe indicou. Nos dias e noites que se seguiram, Aegrin foi atormentado por sussurros e visões. Sonhos com uma cidade coberta de sombras onde sussurros eram soprados pelo ar. A jornada parecia marcada pela sensação de opressão. Mas, apesar do medo e incertezas, ele nutria uma determinação crescente. Seus poderes mágicos começaram a se desenvolver com o tempo, de forma intuitiva. Percebeu que algo maior o protegia ao mesmo tempo que o enchia de medo. Porém, sua vontade de viver se mostrou maior do que todos os traumas e medos sombrios. Ao final da primeira semana de viagem, já havia superado parte daquele temor e um sentimento de curiosidade tomou conta de Aegrin. Aquele prazer de simplesmente estar vivo em um mundo completamente novo e cheio de possibilidades foi trazendo seu sorriso novamente. A vida continua, ele concluiu. E essa resolução era o doce néctar que a Rainha dos Corvos queria. Através daquele pequeno ser no qual estava física e espiritualmente ligada, ela voltaria a sentir, em pequenas doses, o gosto dessas emoções e esperanças. Esperança essa que lhe fora tomada milênios atrás por traição e rejeição. Da parte de Aegrin, aquele era o começo de uma nova vida. Seus caminhos o levariam por trilhas que jamais imaginou. Forjou amizades com os mais improváveis seres de terras estranhas e então se viu como parte de um grupo de aventureiros. Sentiu na pele que a vida não era apenas festas e refeições fartas. Havia uma recompensa ainda maior e ajudar os que precisavam e fazer valer a própria força pelos desafios que foram surgindo no caminho que escolheu. Como prometido pela Rainha dos Corvos na noite do sacrifício, ele teria a chance de fazer seu nome e vontade para ser livre. {Esse grupo de aventureiros iriam participar da aventura A Mina Perdida de Phandelver e a seguir A Ascensão de Tiamat.}
A origem do Lorde Corvo.
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Rodrigo
18 de mar. de 2024
In Dúvidas de regras - D&D
Ao aplicar a manobra Enganchar do Tasha a um alvo que entrou na área de ameaça de um guerreiro usando alabarda, posso aplicar a característica do talento sentinela que reduz o deslocamento do alvo a 0?
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Rodrigo
20 de mai. de 2022
In Dúvidas de regras - D&D
É possível aumentar a distância de um salto realizando um teste de atletismo? Se sim, como qualquer calcular distância e CD para o teste?
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Rodrigo
05 de mai. de 2022
In Dúvidas de regras - D&D
No guia do Volo é dito que o alcance do ataque de um Bugurso é aumentado em 1.5. Arma com alcance tbm add 1.5. No caso, as características são somadas normalmente?
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Rodrigo
26 de mai. de 2021
In Dúvidas de regras - D&D
Um dos itens é o Cajado da Defesa: +1 na CA, 10 cargas, usando uma ação pode gastar 1 carga para conjurar armadura arcana, 2 cargas para escudo arcano. O segundo item é o Grimório Arcano +1 na jogadas de ataque e CD de teste de salvaguarda. O mago pode se valer da armadura arcana do cajado de deseja e usar as reações o para castar escudo e ainda usar o Grimório de foco arcano para usar outras magias ofensivas?
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Rodrigo
16 de abr. de 2021
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Rodrigo
14 de abr. de 2021
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Rodrigo
12 de mar. de 2021
In Dúvidas de regras - D&D
uma ação para conjurar bola de fogo, usar surto de ação para uma segunda bola de fogo e a ação usar objeto de celeridade para ativar uma varinha da bola de fogo e lançar uma terceira...?
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Rodrigo
10 de fev. de 2021
In Dúvidas de regras - D&D
Texto diz: A partir do 5° nível, quando você usar a ação de Ataques Múltiplos, você pode realizar um ataque de mordida e dois ataques de garras, ou um ataque de mordida e dois ataques com cada arma. Ataque múltiplo e diferente da ação atacar? Nesse caso, ataque extra não soma?
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Rodrigo
08 de fev. de 2021
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Rodrigo
03 de fev. de 2021
In Dúvidas de regras - D&D
Mesa seguindo as regras do Guia de Xanathar para criação de itens mágicos.
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Rodrigo

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