Cara... eu joguei durante um bom tempo o RPG "O Desafio dos Bandeirantes". Os rpgistas veteranos daqui provavelmente vão lembrar. Ele se passava em um continente fictício chamado "Terra de Santa Cruz" e a ambientação se baseava no nosso Brasil Colonial, por volta de 1650. Os jogadores escolhiam raças entre brancos, índios, negros, mulatos... e as classes eram guerreiro, rastreador, pajé, jesuíta, bruxo, sacerdote negro, etc. Os monstros eram todos baseados no folclore brasileiro: mapinguari, anhangá, curupira, caipora, mula sem cabeça, lobisomem, boiúna, boitatá, etc. Era muito legal. Tinha até regras para combate com capoeira. Ele pode te servir muito como inspiração. O jogo não é publicado há mais de vinte anos, mas acho que ele pode ser encontrado na internet para baixar. Quanto a usar essas criaturas como raças jogáveis, eu particularmente acho que seria complicado. Digo isso porque são criaturas mais poderosas do que humanos, o que desequilibraria o jogo. Agora, se você quiser montar um grupo só com essas criaturas, você teria que arrumar um bom motivo para reunir, por exemplo, um saci, um lobisomem e um curupira em um grupo, já que eles possuem motivações muito diferentes uns dos outros.

Por incrível que pareça, um grupo com dois rangers e dois ladinos conseguiria se virar na maioria das aventuras. O negócio complica se for uma aventura que dependa de magia por parte dos personagens. No seu caso, eu vejo duas soluções: ou você coloca um mago NPC nesse grupo (e faz esse mago se destacar usando suas habilidades) só para os jogadores verem que há outras classes legais também, ou então cria uma pequena aventura em que, o fato deles não terem um jogador familiarizado com magia vai ser um grande problema. Isso pode fazer com que alguns deles repensem se não seria uma boa ter um mago no grupo.

Por incrível que pareça, eu acho muito interessante mestrar para personagens fracos, de 1º nível. Primeiro porque é mais fácil para você colocar freios em personagens megalomaníacos, e também porque você se obriga (e isso é muito legal) a criar aventuras que não sejam apenas "descer o sarrafo em monstros e pegar tesouros". Por exemplo: ao invés de mandá-los para uma masmorra, que tal colocar os jogadores em uma aventura em plena cidade onde eles estão? Isso podia começar com eles observando um cidadão sendo assaltado por um bandido na rua... aí esse bandido foge dos herois e entra em uma casa. Acontece que, ao entrar na casa, os herois percebem que não é só uma casa simples: ela tem uma escada que desce para o subterrâneo. Os herois vão descer lá, sem saber se o bandido entrou? Vão buscar ajuda da guarda da cidade? Olha aí... já te dei um gancho de aventura... rs...

Uma vez em que eu estava mestrando, o grupo de personagens estava sendo atacado por um feiticeiro maligno, que lançou uma bola de fogo neles. Um dos jogadores disse: "O meu personagem se abaixa!" Aí eu disse: "Meu amigo, isso não é um hadouken. Bola de fogo em D&D, quando alcança o alvo, ela explode, e vai atingir quem estiver no raio de alcance, mesmo que você se abaixe, pule, dê cambalhotas... rs...

O Guia do Volo para Monstros é muito legal. Ele não é essencial para jogar, mas é muito útil para você conhecer melhor determinados tipos de monstros (Beholders, Goblinóides, Bruxas, Gigantes, etc...) e personalizá-los, podendo surpreender seus jogadores em alguns momentos. Mas para te guiar mesmo, como mencionou o Tchelo, os três livros básicos são suficientes. Todos os outros materiais têm como função "apenas" enriquecer o jogo.